Literatura de Cordel


A literatura de cordel no ensino da história

Através dos versos criados na Literatura de Cordel, podemos estudar a história do Nordeste de uma forma crítica e ao mesmo tempo agradável, diferente dos livros didáticos que pouco aborda problemas enfrentado pelas populações nordestinas, tais como a seca, a pobreza, a questão da terra, as disparidades sociais etc. Tentando preencher esta lacuna Sugere-se, como recurso didático, a literatura de cordel enquanto registro cultural, que trata dessas questões, já que é preciso se analisar os fatos históricos não somente a partir das versões oficiais, da fala dos políticos e jornais tendenciosos, mas também através das representações dadas pelos poetas de cordel que, através dos folhetos, mostram outras visões de momentos históricos vivenciados
e testemunhados por eles. Esse rico material de estudo histórico-social pode ser significativo para se avaliar as versões que circulam em diferentes meios sociais, permitindo que se resgate uma série de atitudes críticas entre os chamados setores populares. Nesse sentido, estudar através da produção acultura popular é estar aberto a todas as possibilidades, desvencilhar se dos conceitos e preconceitos, privilegiando códigos e significados simbólicos partilhados entre sujeitos sociais de um mesmo espaço geográfico e de um mesmo tempo histórico. Esse rico material de estudo histórico-social pode ser significativo para Avaliar os versões que circulavam em diferentes meios sociais, permitindo que se resgate uma série de atitudes críticas entre os chamados setores
populares. Mas, é preciso ter cautela em relação a uma concepção que dota a cultura popular de sinais absolutamente positivo e contestadores, frente à cultura dominante, em relação à qual haveria total autonomia.

Para tanto, propõi-se então alguns caminhos e/ou sugestões para o estudo da História através da Literatura de Cordel:

1)História aproximam e quais pontos que se distanciam da versão
do livro didático?

2) Apresentação do autor: como um narrador, uma testemunha ou uma personagem da história?
É possível identificar a origem regional e social do autor?

3) Apresentação da narrativa: como forma de uma reportagem, um ensinamento, um
aconselhamento, um protesto ou uma contestação?

4) Personagens principais e secundários: trata¬-se de heróis positivos, heróis negativos,
heróis ambivalentes, ou são feitas caricaturas desses heróis? Como se dão às relações entre
essas personagens?

5) Que valores são passados, pelo autor, através do texto: uma visão maniqueísta, uma
preocupação com a moral, uma justificativa, uma aplicação da justiça?

6) Quais são os recursos usados pelo autor: uma peleja, um diálogo com o céu ou com o
inferno, ou apenas uma narrativa de acontecimentos?

7) Como é escrito o poema: ele traz regionalismos, gírias, ditos populares, crenças ?



Um dos cangaceiro muito cantado na poesia de folhetos é Virgulino Ferreira da
Silva, o Lampião. O poeta Francisco das Chagas Batista nos conta que ao
ser preso Lampião passou a governar, pelas armas
o sertão nordestino, estabelecendo decretos, como podemos verifica
a seguir:

“Diz o primeiro decreto
No seu artigo primeiro:
¬Todo e qualquer sertanejo,
Negociante ou fazendeiro,
Agricultor ou matuto
Tem que pagar tributo
Que se deve ao cangaceiro.
No paragrapho primeiro
Desse artigo elle restringe
A lei somente aos ricos
Dizendo:¬ a lei não attinge
Ao pobre aventureiro
Pois que não possue dinheiro
Diz que não tem e não finge.”

(Os decretos de Lampeão)

Através dessa literatura em verso podemos perceber que as representações sobre os cangaceiros diferem das encontradas
nos livros didáticos e/ou na literatura oficial. Quase sempre tratados
como bandidos nestes espaços, os cangaceiros dos cordéis são ao menos mais contraditórios: podem ser assassinos e possuir sentimentos
de amor; podem roubar, mas ajudar aos necessitados. Bem mais variada e
polissêmica, embora sempre violenta, dever ter sido a realidade do cangaço.

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Alunos do Curso de Licenciatura em História, da Faculdade de Tecnologia e Ciências(EAD)
UP: Santo Amaro/BA.